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O Primeiro “grito pela república” nas Américas foi dado em Olinda



O primeiro Grito pela República no Brasil aconteceu em Olinda, 70 anos antes da Revolução Francesa e 60 anos antes da independência dos Estados Unidos.

Muro do antigo Senado de Olinda em 1710
Feriado na cidade de Olinda, o “1º Grito de República” nas Américas foi dado pelo Sargento-Mor Bernardo Vieira de Melo, no dia 10 de novembro de 1710, no contexto da Guerra dos Mascates, no Senado da Câmara de Olinda.

Após campanha vitoriosa contra o Quilombo dos Palmares, Bernardo Vieira de Melo, é designado para ser governador do Rio Grande do Norte, ao voltar ao seu Estado natal toma partido dos Olindenses contra os pleitos, atendidos pelo Rei de Portugal, aos comerciantes portugueses do Recife. O brado de Bernardo Vieira de Melo no Senado da câmara de Olinda, onde era vereador, propondo a independência de Pernambuco e a formação de uma república, foi o primeiro ato concreto de um movimento revolucionário que se iniciava no Brasil contra o Rei de Portugal. Com isso, ele se tornou o precursor dos movimentos libertários no país, quase um século antes da Inconfidência Mineira.

Do antigo casarão que abrigou o Senado da câmara de Olinda na século XVII, resta apenas uma parede cuja espessura incomum da uma ideia da importância do espaço de então. O heróico fato histórico gravado numa “estrela” sob este muro que lhe serve de indicador, ignorado solenemente pelos que passam no local, registra os dizeres:
“Aqui, em 10 de novembro de 1710, Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito em favor da fundação da República entre nós”.

O Hino de Pernambuco, no seu verso de nº 04, registra o fato histórico, no poema que diz:


“A República é filha de Olinda
Alva estrela que fulge e não finda
De esplender com seus raios de luz.
“Liberdade”, um teu filho proclama:
Dos escravos, o peito se inflama
Ante o sol dessa terra da Cruz!”

Hino de Pernambuco

 



 

Sobre Bernardo Vieira de Melo e a Guerra dos mascates

Bernardo Vieira de Melo, imagem internet

Senhor de engenho e militar, Bernardo Vieira nasceu em Muribeca, hoje Jaboatão dos Guararapes, na segunda metade do Século XVII. Comandou uma das expedições no ataque final ao Quilombo dos Palmares, como prêmio, foi nomeado governador e capitão-mor da capitania do Rio Grande do Norte (1695). Retornou a Pernambuco em 1709 e foi nomeado comandante do terço de linha do Recife, quando eclodiu a Guerra dos Mascates.

Como quase todo pernambucano ‘bem nascido’ no início do século dezoito, o capitão Bernardo Vieira de Melo odiava os portugueses. E tinha motivos para isso: As leis do governo português estabeleciam um monopólio que obrigava os produtores locais a vender seu açúcar apenas aos comerciantes lusos, pelo preço estabelecido por eles; e a lhes comprar armas, alimentos, tecidos, ferramentas e tudo mais, pelo preço que eles quisessem cobrar, o resultado foi o endividamento dos Engenhos, já prejudicados pelo fim dos investimentos Holandeses após a retomada do território há 50 anos. Aos poucos, antigos direitos dos filhos da terra, conquistados após a expulsão dos holandeses, como a exclusividade na nomeação para os cargos públicos foram sendo retirados pelos portugueses. E por fim, a permissão para que o Recife, onde viviam os europeus, tivesse sua própria câmara municipal, em vez de permanecer submetido à Câmara de Olinda, controlada pelos nativos, representava a perda do pouco poder político que ainda lhes restava e acabou sendo o estopim para a guerra entre as cidades do Recife e de Olinda.

O primeiro ato de propaganda política do movimento de 1710, nascido em Olinda, foi a derrubada do pelourinho do Recife. O recém-erguido monumento de pedra, símbolo da autonomia das vilas portuguesas, foi posto abaixo por um grupo de homens fantasiados de índios, para assim ressaltar que eram americanos e não europeus.

Foi em outubro daquele ano que a revolta explodira. O governador português Sebastião de Castro sofrera um atentado à bala e fugiu para a Bahia. O Recife fora ocupado pelos olindenses. E, no dia 10 de novembro, Bernardo e outros líderes, como Leonardo Bezerra e Sebastião de Barros Rego, propuseram o rompimento com Portugal e o estabelecimento em Pernambuco de uma república independente e plutocrática, governada pelos ricos, ao modo de Veneza, na época.

Mas a proposta de uma república independente pareceu muito radical para os demais senadores da câmara de Olinda e teve apenas 8 votos favoráveis. O governo então foi entregue ao bispo D. Manoel Álvares, enquanto as reivindicações pernambucanas eram encaminhadas a Lisboa. Em outubro de 1711 finalmente um novo governador é designado para Pernambuco, Felix Machado, supostamente trazia o perdão Real para todos os implicados naquelas “alterações”. Mas em fevereiro de 1712 a pretexto de que havia uma nova conspiração em andamento decretou a prisão e o seqüestro dos bens de dezenas de nobres Pernambucanos. Presos estes, foram exibidos ao povo em grilhões, como escravos fugidos – para homens tão orgulhosos, um castigo pior que a morte.

Em 1712, Bernardo Vieira é condenado à prisão como inconfidente pelo crime de lesa-majestade e preso no Forte do Brum. Em 1713 é enviado junto com seu filho André Vieira de Melo e mais nove companheiros derrotados na Guerra dos Mascates a uma prisão em Lisboa onde morreria em 10 de janeiro 1714.

A violência com que fora debelada a primeira insurreição de Brasileiros contra o domínio português foi tão grande que levaria um século inteiro até que uma nova rebelião decretasse a independência de Pernambuco em 1817.

Hoje, Bernardo Vieira de Melo empresta o seu nome a via mais importante de Jaboatão dos Guararapes, vias importantes também receberam o seu nome em Natal e em Olinda, onde a câmara municipal passou a se chamar, Casa de Bernardo Vieira de Melo.

Este artigo foi produzido a partir dos seguintes textos:

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