Por hipsterrecifense.com
Dia desses me peguei na janela do ônibus (qual outro lugar melhor pra
refletir a vida) contemplando as casas da Rua da Aurora, imaginando o
que faz esse aquele lugar ser tão recifense. Mas, o que faz o lugar ser
recifense, é o próprio recifense.(Que fique o aviso aos pasquales da internet, esse post possui uma overdose da palavra recifense.)
Me responda, com toda sinceridade, o que faz você ser recifense?
Pra mim, ser recifense é mais do que nascer dentro desse território geográfico, afinal, pessoas que vieram ao mundo em outras cidades podem abdicar do seu gentílico oficial para adotar um de coração.
Ser recifense é saber pelo menos um trechinho de pelo menos uma música de Reginaldo Rossi.
Ser recifense é cantar “Voltei, Recife” mesmo depois daquela viagem de 3 dias pra outra cidade. Sim, é tempo suficiente pra sentir saudades.
Ser recifense é adorar a arquitetura neoclássica, art-déco, neogótica, modernista, colonial e contemporânea espalhadas pelos 4 cantos da cidade.
Ser recifense é reclamar todo dia de ficar preso no trânsito das 7h na Agamenon Magalhães e comprar a pipoca do moço do sinal pra aguentar a fome até a hora de chegar em casa.
Ser recifense é brincar de campo minado nas calçadas da Rua do Príncipe.
Ser recifense é ir pra Boa Viagem no domingo pra tomar um caldinho de cabeça de galo na frente do Acaiaca.
Ser recifense é falar “visse”, “oxe”, “môvéi”, ” mainha”, “bichinho”, “marmenino”, ”arretado”, ”arrudeia”, ”tabacudo(a)”, ”mermao” e outras expressões que só a gente sabe e entende.
Ser recifense é olhar a cara dos gringos tentando entender o que a gente fala e tirar onda depois.
Ser recifense é ir pro Marco Zero/Arsenal cazamiga pra tomar vinho barato e se passar na frente de todo mundo (#amo).
Ser recifense é sair desviando das barraquinhas da Boa Vista e tentar pechinchar aquele óculos Prada falsificado de R$15.
Ser recifense é quase morrer tentando entrar em um BRT no Derby.
Ser recifense é ver um tio entrando no ônibus com uma caixa de som tocando músicas românticas e falando que a coletânea é apenas R$2.
Ser recifense é usar a frente da Riachuelo como referência para encontro.
Ser recifense é está sempre preparado para um toró mesmo quando tá fazendo um sol danado e vice versa.
Ser recifense é saber que quando chega o inverno tudo sempre vai estar alagado e estar psicologicamente preparado para isso.
Ser recifense é tirar foto na plaquinha do tubarão em Boa Viagem.
Ser recifense é idolatrar nosso invasor, afinal, Maurício de Nassau tá sempre presente nessa cidade.
Ser recifense é ter o maior ego megalomaníaco em linha reta do mundo e defender com unhas e dentes que aqui tem o maior shopping center, a maior avenida em linha reta, o maior/melhor carnaval, a primeira Sinagoga das Américas (vou parar por aqui porque se eu for falar tudo dá mais uns 3 posts)…
Ser recifense é ir pro shopping pra se refrescar com o ar condicionado grátis comprar uma casquinha pra fazer valer a viagem.
Ser recifense é ir namorar no Parque 13 de Maio depois da aula.
Ser recifense é ir dar uma volta com os amigos na Jaqueira nos finais de semana.
Ser recifense é comprar uma batata-frita na parada de ônibus.
Ser recifense é tirar foto das pontes enquanto tá passando pelo centro.
Ser recifense é ir no sebo da Dantas Barreto atrás de livros mais baratos (e que nem sempre são).
Se recifense é contar as horas pra brincar o Galo da Madrugada e ficar com a maquinha bronzeada da camisa por 3 meses.
Ser recifense é fazer pose blasé no telhado do Paço Alfândega e postar como foto de perfil do Facebook.
Ser recifense é ir pro vuco-vuco comprar coisas mais baratas.
Ser recifense é passar o domingo andando pelo Marco-Zero.
Ser recifense é esperar visitar a Feira Japonesa na Rua do Bom Jesus.
Ser recifense é saber de tudo isso, as coisas boas e ruins, e mesmo assim amar essa cidade de um jeito inexplicável.
Parabéns Recife
Nenhum comentário:
Postar um comentário