Frei Caneca e a confederação do Equador - Emporiopernambucano

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Frei Caneca e a confederação do Equador


Execução de Frei Caneca, por Murillo La Greca



"Cadeia pública do Recife, 10 de janeiro de 1825. Um homem é condenado à forca, em sentença lavrada por comissão militar nomeada pelo imperador D. Pedro I. A forca está levantada no patíbulo, o condenado já rezou, já se confessou, já adquiriu a serenidade diante do inevitável. Só falta o carrasco.

A autoridade militar está em busca de um carrasco, que não aparece, pois não há quem queira executar aquele condenado. Manda-se chamar um preso comum, um mulato recrutado às pressas com promessas de benefícios. Mas o mulato não quer enforcar o condenado, mesmo sofrendo ameaças e sendo espancado a coronhadas pela soldadesca.

Nos dias 11 e 12 a tensão da espera continua. Mais um negro, igualmente espancado, e mais outro, igualmente torturado, se recusam a enforcar aquele homem que espera em sua cela. Do lado de fora da prisão, muita gente pede clemência para o condenado. Petições, passeatas de ordens religiosas, nada demove a vontade imperial de executar aquele homem querido e respeitado, e não há carrasco disposto a enforcá-lo. Trata-se do revolucionário liberal Frei Joaquim do Amor Divino Caneca."

A Confederação do Equador


Recém conquistada a independência Pedro I, imperador do Brasil, convoca uma assembleia nacional para redigir uma constituição para o país, pouco tempo depois o próprio D. Pedro dissolve a assembleia e outorga (dita) a nova constituição aos Brasileiros. Pernambuco que a poucos anos havia se levantado contra a coroa portuguesa reage a dissolução da assembleia constituinte, e mesmo com o Recife sitiado por embarcações a soldo do Rio, se recusa a jurar fidelidade a nova constituição e a dar posse a um governador indicado pelo imperador.  No dia 2 de julho de 1824, junto com Rio Grande do Norte, cidades importantes do Ceara e Paraíba, Pernambuco forma a Confederação do Equador, proclama a república e declara a independência do resto do país.

Com uma longa tradição revolucionária, em Pernambuco que foi dado o primeiro grito pela República entre nós, a confederação do Equador foi a principal resistência ao absolutismo do imperador e a centralização do poder no Rio. Era a segunda vez em menos de 10 anos que os Pernambucanos se levantava em armas. De seus principais lideres destaca-se um jovem Frei, vindo das camadas pobres da população, frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Frei Caneca foi o Líder e mentor intelectual da revolta, foi preso em 29 de novembro de 1824 e condenado a morte por enforcamento no Recife em 10 de janeiro de 1825. Quem comandou a junta militar que deu a sentença foi o Senador Francisco Lima e Silva, pai do sanguinário Duque de Caxias, responsável pela morte de  milhares de Paraguaios na guerra contra este país, e de milhares de brasileiros em Canudos nos sertões da Bahia e no Maranhão. Hoje Caxias é o patrono do exercito. 

Após três dias sem encontrar alma no Recife capaz de enforcar o Frei, nem mesmo condenados em troca da extinção da pena, sua sentença foi modificada para morte por fuzilamento. Frei Caneca foi fuzilado em frente aos muros do Forte das Cinco pontas em Recife em 13 de janeiro de 1825.

Devido a revolta Pernambuco sofreu duras retaliações por parte do imperador com novos impostos e a perda de parte de seu território. Pedro I nunca foi reconhecido pelos Pernambucanos, nenhuma rua, praça, ou busto foi erguido em sua memória ate hoje.


Leia a análise da situação nacional feita por Frei Caneca em 1824
http://emporiopeoficial.blogspot.com/2016/07/manifesto-do-frei-caneca-recife-1824.html


Frei Caneca é sentenciado, Antônio Pereiras 1918


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